Conheça Hilton Reis da Silva Júnior: Co-fundador da Irmandade Sonora e símbolo de resiliência no Vale do Aço
Hilton Reis da Silva Júnior nasceu em 28 de fevereiro de 1989, em Coronel Fabriciano, Minas Gerais. Sua vida tem sido marcada por intensos desafios pessoais e emocionais, superados com uma impressionante força de vontade. Diagnosticado aos 23 anos com Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), Hilton enfrentou momentos delicados, incluindo períodos em que viveu nas ruas, passou por internações psiquiátricas e clínicas de reabilitação, além de enfrentar a prisão. Apesar disso, ele encontrou na música, na arte e na cultura Hip-Hop um caminho para expressar suas lutas e transformações.
Desde muito jovem, Hilton teve contato com a arte de rua. Aos 12 anos, conheceu o grafite e o rap, fortemente influenciado por álbuns como Sobrevivendo no Inferno, dos Racionais MC's, e The Eminem Show, de Eminem. Ao mesmo tempo, ele descobriu o skate e começou a assinar suas primeiras pichações como “Beck”, sem ter plena consciência do peso artístico que isso carregava.
Sua juventude foi marcada por um perfil multifacetado. Na escola, Hilton era conhecido por seu talento em competições de matemática e por seu envolvimento com esportes, como o futebol e o basquete. Ele também praticou natação para tratar a bronquite. No entanto, sua jornada pessoal passou por altos e baixos. Aos 17 anos, após um período afastado da igreja, Hilton teve uma reaproximação com a fé cristã ao assistir a um show de skate gospel, o que o motivou a participar da banda Por ti Jesus, e, posteriormente, do grupo Guiados pela Fé. A banda passou por transformações, mudando de nome algumas vezes e ampliando o impacto cultural que causou na região.
Hilton sempre se destacou como alguém que, além de artista, se preocupava com a comunidade. Em 2010, ele fundou o grupo cultural Conteúdo Avulso, que se tornou um marco na cena cultural do Vale do Aço. Mesmo sem formalização institucional, o grupo realizou importantes feitos culturais e artísticos. Paralelamente, Hilton cofundou a Irmandade Sonora Crew, fortalecendo o cenário do rap e do grafite na região. Sua capacidade de organização e mobilização permitiu a criação de eventos culturais, oficinas de rap e exposições de grafite, que incentivaram o desenvolvimento da cena local e deram visibilidade a novos talentos.
No entanto, sua trajetória não foi linear. Em 2013, após o término de um relacionamento e o envolvimento com drogas, Hilton sofreu um surto psicótico, o que interrompeu momentaneamente sua carreira. De 2013 a 2016, ele passou por um período de intensa luta pessoal para manter o tratamento psiquiátrico, ao mesmo tempo em que tentava reerguer sua vida profissional. Mesmo assim, seu trabalho continuou sendo reconhecido, e em 2016 ele foi selecionado para a Virada Cultural de Governador Valadares, um dos momentos mais importantes de sua carreira artística.
Em 2018, Hilton lançou o projeto Guichê 55, que envolvia a produção de fanzines, videoclipes e músicas. Durante essa fase, ele morou em uma república enquanto seguia seu tratamento psiquiátrico e estreitou laços com amigos como o DJ SubVrso, que o apoiaram na retomada de sua carreira. O projeto foi um divisor de águas em sua trajetória artística, e após seu encerramento, Hilton deu início ao Projeto Iguaçu, no qual explorou novas formas de expressão artística, como a Body Art Graff (pintura corporal em grafite).
Atualmente, aos 35 anos, Hilton segue em tratamento psiquiátrico e está comprometido em se reinventar. Formado como Técnico em Informática, ele leva uma vida mais estável, embora ainda enfrente a dependência do tabaco. Hilton também faz reflexões profundas sobre as escolhas de seu passado, especialmente em relação ao uso de drogas como LSD, ecstasy, maconha, haxixe, cocaína e crack. Com um novo olhar sobre sua vida, ele busca retomar sua fé cristã e reconectar-se com sua espiritualidade.
Hilton reconhece seus erros e está determinado a escrever um novo capítulo de sua história. Ele acredita que pode ser um exemplo para outras pessoas que enfrentam desafios semelhantes, mostrando que, com determinação, é possível recomeçar. Como ele mesmo reflete: "Se eu pudesse voltar no meu passado, muitos vacilos não teriam sido cometidos. O sábio aprende com o erro dos outros, enquanto o inteligente aprende com seus próprios erros. Tenho uma pá de erros... mas daqui pra frente, quero estar bem com minha família e conquistar meu lugar com esforço."
Hilton Reis da Silva Júnior é um símbolo de resiliência no Vale do Aço, alguém que, apesar de todas as adversidades, continua a lutar por seus sonhos e a contribuir de forma significativa para a cultura local. Seu legado, construído a partir de sua paixão pela arte e pela música, continuará a inspirar as futuras gerações de artistas e jovens da região
COMENTÁRIOS